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terça-feira, 22 de maio de 2012

Mudança de comportamento

Como já dizia a irmã Woopy Goldberg, mudança de hábito é fogo. Quase todo mundo tem algum hábito, mania ou vício do qual gostaria de se livrar e não consegue.



Segundo a PNL toda mudança de programação ocorre instantaneamente, pois o cérebro funciona muito depressa. Portanto, a forma de mudar um condicionamento indesejado é substituí-lo instantânea e definitivamente por um ato de vontade. Até aí tudo bem. O difícil é juntar toda essa vontade. É certo que existe um instante decisivo. Um ponto de virada, onde/quando a vontade triunfa. Mas como chegar lá? Pela simples força de vontade? E quando não a temos, onde buscá-la? Qual o processo em que se insere o tal ponto de virada? Perguntas de quem precisa mudar, mas ainda vê a vaquinha se debatendo no brejo das recaídas.



Entender o processo da mudança talvez torne a coisa mais fácil.

Percebo mudança como processo e não mero mecanismo. Existe um antes e um depois da famosa tomada de decisão. A força de vontade não é um atributo do caráter, algo que uns têm e outros não, como normalmente se diz. A mesma pessoa que fraqueja num dia triunfa no outro e o mesmo sujeito que teve força de vontade para se livrar de um comportamento viciado continua dependente de outras viciações. A força de vontade vem quando o indivíduo está racional e emocionalmente maduro para mudar. Entender isso melhorou minha auto-estima, ajudando-me a ser menos ansiosa e mais compreensiva comigo mesma, administrando melhor minhas fraquezas.

Toda mudança de comportamento se realiza em três fases:

* Compreensão dos inconvenientes que o velho condicionamento acarreta.
* Vontade de mudar.
* Estabelecimento de um novo condicionamento.

O primeiro passo é a descoberta da vantagem de mudar. 

Um comportamento que hoje nos incomoda não foi sempre ruim. Se no passado assumimos um determinado padrão comportamental a ponto de fazer dele um condicionamento, é porque ele nos dava prazer e/ou nos trazia alguma vantagem, alguma forma de gratificação. Enquanto não estivermos logicamente convencidos de que mudar será vantajoso, não mudaremos. Só estamos dispostos a abrir mão de um prazer, quando isso nos habilita a um prazer maior. Eis por que a abordagem moralista não resolve a questão. Ninguém muda porque deve mudar. Mudamos porque acreditamos que há vantagem em mudar. Mas saber não é suficiente. O simples fato de conhecermos os inconvenientes do velho hábito não cria novos condicionamentos. No entanto, alguma coisa dentro de nós já mudou. Surge uma sensação de desconforto associada ao velho hábito. Esta sensação irá aumentar com o tempo, gerando a progressiva racionalização do comportamento condicionado. O que era feito automaticamente, agora é reavaliado criticamente a cada vez.

O segundo passo é a efetiva necessidade de mudar.

A sensação de desconforto associada ao velho padrão de comportamento acaba gerando no indivíduo a efetiva necessidade de mudar. De tanto contabilizar prejuízos à saúde física, espiritual ou financeira, aos relacionamentos e aos negócios, a pessoa finalmente sentirá vontade de mudar. Mas a vontade ainda está fraca, dividida entre os bons propósitos e os velhos hábitos. A pessoa experimenta agir de outra maneira e isso lhe dá prazer. Mas quando se descuida já está seguindo os velhos hábitos e isso também lhe dá prazer, embora esse prazer venha associado ao sentimento de culpa. Entramos na fase das recaídas. Quando raciocinamos antes de agir, geralmente conseguimos seguir o novo padrão. Mas quando ligamos o piloto automático, lá estão os velhos condicionamentos nos induzindo a agir.

O terceiro passo ocorre quando um novo condicionamento assume o lugar do antigo.

De recaída em recaída, racionaliza-se cada vez mais o processo e nossa vontade se fortalece até nos sentirmos suficientemente fortes para dar um basta. Um novo condicionamento veio substituir o antigo. A partir de agora, ao agir automaticamente seguiremos o novo padrão de comportamento. Para agir segundo o velho modelo, será necessário tomar uma decisão. Um novo hábito veio substituir o antigo. Está criado um novo paradigma, somos uma nova pessoa. 

O auto controle

O autocontrole constitui um tema frequente nas conversas do dia a dia, quando se fala de educação de crianças ou, ainda, quando se enfoca o comportamento moral, por exemplo. No entanto, pode-se falar dele com referência a qualquer comportamento já que é possível considerá-lo como escolha: ou isto ou aquilo. O problema começa quando se pretende entender o que é autocontrole. Normalmente as pessoas entendem autocontrole como uma característica pessoal, de personalidade, no sentido de que alguns o têm e outros não. O autocontrole é visto como sinônimo de força de vontade, capacidade de enfrentamento, ter um poder interior, conseguir resistir às tentações, ser emocionalmente forte, etc. Estas definições, no entanto, não ajudam muito na análise de qualquer comportamento, pois, se é uma força interior ou algo parecido, porque é que às vezes funciona e outras não? Se é algo que a pessoa tem, porque o autocontrole é diferente em diversas situações de sua vida ou mesmo em fases da vida?

A análise do comportamento entende que o autocontrole é um comportamento que precisa ser analisado como qualquer outro comportamento, ou seja, a partir da análise da relação da resposta da pessoa com as variáveis do ambiente.

Sabemos que as respostas são mantidas pelas consequências reforçadoras e o comportamento de autocontrole está diretamente relacionado a uma escolha de respostas concorrentes. 

Explicando: quando o indivíduo está diante de contingências conflitantes e precisa escolher entre duas respostas que têm diferentes consequências.

Vejamos alguns casos: uma pessoa precisa fazer dieta alimentar por causa de um problema de saúde – diabetes, por exemplo, mas não se controla diante de doces. Ou ainda: um estudante precisa escolher entre ficar em casa no final de semana estudando para o exame final de uma matéria na qual está precisando de nota ou ir para a praia com os colegas. E, como estes, poderíamos citar inúmeros outros.

Em ambos os casos, há um conflito entre uma consequência reforçadora imediata: comer o doce ou aproveitar o final de semana na praia com os amigos e outra consequência reforçadora a longo prazo: maior qualidade de vida com a diabete controlada ou conseguir a nota na matéria, passar de ano e poder seguir em frente com os estudos.

As consequências controlam o comportamento humano, mas é possível manipular as variáveis do ambiente e controlar parte do seu comportamento, ou seja, o prazer de saborear o doce ou a diversão na praia deixam de controlar a resposta do indivíduo, o qual, mantendo a dieta ou estudando durante o final de semana, está controlando seu comportamento por consequências a longo prazo: qualidade de vida e passar de ano na escola. Como você agiria nestas situações? Qual seria sua escolha? 



Estratégias comportamentais

1. Treinamento dos agentes naturais de mudança



Os agentes naturais de mudança podem ser definidos como aquelas pessoas que pertencem de forma natural e estão de maneira relativamente permanente no local onde têm que acontecer as mudanças de comportamento. Os professores e os colegas de classe na escola, os pais e os esposos em casa, os irmãos e os amigos na comunidade, os supervisores e os colegas de trabalho são agentes de mudanças potenciais que se encontram disponíveis para realizar ou apoiar os procedimentos de tratamento no ambiente natural do paciente específico.

2. Procedimentos de autocontrole



O autocontrole é um conjunto de procedimentos esboçados para permitir que pacientes controlem seu próprio comportamento. O propósito do autocontrole é o de permitir aos pacientes que controlem tanto quanto possível seu próprio comportamento. No entanto, as técnicas de autocontrole têm, quando muito, somente efeitos modestos a curto prazo, quando utilizadas sozinhas. Os melhores resultados são obtidos quando constituem componentes de pacotes de tratamento que também contêm procedimentos de mudança de comportamento e continências de reforçamento.

Alguns recursos de autocontrole são:

1. Ensinar aos pacientes alguma forma de auto-observação, de auto-avaliação e de auto-registro.
2. Introduzir um critério de "emparelhamento", como aquele em que as auto-avaliações dos pacientes sejam comparáveis às avaliações pelos professores ou por outras pessoas significativas.
3. Arrumar a situação para o reforço do comportamento desejado.
4. Ensinar aos clientes a se auto-instruir e/ou a se reforçar para guiar seu próprio comportamento.
5. Transferir gradualmente o controle do reforçamento aos pacientes.
6. Retirar gradativamente as contingências artificiais quando já ocorreu o auto-controle.


3. Técnicas de relaxamento



A prática do relaxamento pode ser dividida em métodos que enfocam o relaxamento físico e métodos que enfocam o relaxamento mental. Todos os métodos podem ser igualmente eficazes, sendo que cada pessoa deve utilizar aquele que melhor funcionar para ela. Quando se está relaxado fisicamente, o relaxamento mental vem a seguir e vice-versa. A prática do relaxamento pode aliviar a ansiedade, porque é difícil para o corpo ou para a mente estar simultaneamente relaxado e ansioso. Desenvolvendo-se a capacidade de relaxar antes e durante situações estressantes, pode-se reduzir substancialmente a freqüência e severidade da ansiedade experimentada.

3.1 Técnica de Relaxamento - Respiração Controlada



A respiração controlada é um método de relaxamento baseado na observação de que muitas pessoas respiram superficialmente ou irregularmente quando ansiosa ou tensas. Tais padrões de respiração levam a um desequilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono no corpo, o qual pode causar os sintomas físicos da ansiedade. É importante praticar a respiração controlada por, no mínimo, 4 minutos, porque isso é o que aproximadamente leva para restabelecer o equilíbrio do oxigênio e dióxido de carbono. O equilíbrio funciona de forma mais eficaz se a pessoa inspira e expira profundamente em uma quantidade igual de tempo. O paciente deve ser orientado a inspirar contanto lentamente até 4 e expirar contanto lentamente até 4, durante 4 minutos, fazendo uma breve pausa entre a inspiração e a expiração, procurando respirar da forma mais confortável possível. É importante respirar gentilmente, evitando respirar, de uma só vez, grandes golfadas de ar.

3.2 Relaxamento Muscular Progressivo



O relaxamento muscular progressivo é uma técnica na qual os principais grupos musculares do corpo são contraídos e relaxados alternadamente. O processo pode ter o sentido da cabeça aos pés ou dos pés à cabeça. O relaxamento muscular progressivo pode levar a graus profundos de relaxamento físico e mental. A pessoa contrai e relaxa os músculos da testa, olhos, queixo, pescoço, ombros, parte superior das costas, bíceps, antebraço, mãos, abdômen, virilha, pernas, quadris, coxas, nádegas, panturrilhas e pés. Cada grupo muscular é contraído por 5 segundos e então relaxado por 10 ou 15 segundos, repetindo-se, em seguida, esta seqüência. Pessoas diferentes carregam tensão muscular em partes diferentes do corpo, de forma que as áreas em particular que precisam ser enfatizadas variam de pessoa para pessoa.

4. Construção de Hierarquias e Atribuições de Tarefas Graduais



Nesta técnica, o terapeuta estimula o paciente a fazer uma lista de estímulos evocadores do comportamento visado, buscando ordená-los conforme a intensidade. A partir disso, terapeuta e paciente trabalham juntos alternativas de enfrentamento, elaborando tarefas específicas que são dispostas em etapas, desde as de menor intensidade até aquelas mais ameaçadoras. Isto permite uma abordagem gradual do confronto com o objeto/acontecimento ameaçador.

4.1 Construção de hierarquias de ansiedade



Um hierarquia de ansiedade é uma lista de estímulos evocadores de ansiedade, relacionados em conteúdo e ordenados segundo a quantidade de ansiedade que provocam. Estes estímulos podem ser objetos, pessoas, lugares, sentimentos internos ou uma combinação destas classes de estímulos numa hierarquia completa. O terapeuta ajuda o paciente a discutir quando, onde e sob que condições, acontece a resposta de ansiedade. Pede-se ao paciente que pense e descreva situações passadas e futuras que poderiam provocar a resposta. Encoraja-se o paciente a gerar tantos detalhes quanto sejam possíveis sobre a situação estimulante total. Quanto mais detalhes se obtenham sobre os estímulos externos e internos, mais capaz será o terapeuta de desenvolver uma cena clara, provocadora. Pede-se então ao paciente que escreva todas as possíveis situações provocadoras de ansiedade que possa se lembrar e que as descreva detalhadamente em cartões. Este trabalho é prescrito ao paciente como tarefa para casa e ele e o terapeuta revisam na sessão seguinte. Logo pede-se ao paciente que coloque os cartões numa determinada ordem, segundo o nível de ansiedade que provoquem as situações estimulares. Mais tarde, pede-se ao paciente que proporcione pontuações na escala SUDS para cada uma das situações. Deste modo, há uma estrutura gradualmente ascendente na escala, o que permitirá aproximações graduais ao item final da hierarquia - para o qual se experimente o temor mais intenso.

5. Dessensibilização Sistemática 



A dessensibilização sistemática (DS) é uma intervenção terapêutica desenvolvida para eliminar o comportamento de medo e as síndromes de evitação. O procedimento consta de dois componentes diversos. O primeiro componente consiste em ensinar ao paciente uma resposta contrária à ansiedade. O relaxamento progressivo, ou algum outro procedimento geral de relaxamento, é utilizado normalmente para este propósito; se bem que qualquer resposta contrária à ansiedade que o paciente tenha, como a resposta de assertividade, bastará. Por exemplo, uma resposta assertiva inibe a experiência de ansiedade e, em conseqüência, servirá adequadamente como um agente antiansiedade. O segundo componente da DS implica em uma exposição graduada ao estímulo provocador de medo. A exposição pode ser concretizada através da imaginação ou ao vivo.

A DS consta de quatro passos principais:

1. Treinamento no emprego da escala "SUDS" (escala que gradua as situações de estímulos segundo seu potencial provocador de ansiedade).
2. Uma completa análise comportamental e o desenvolvimento de uma hierarquia de medos.
3. Treinamento do relaxamento muscular profundo ou algum outro procedimento de relaxamento.
4. A combinação da exposição, na imaginação, à hierarquia de medos junto com o estabelecimento de uma resposta de relaxamento profundo no paciente - "a dessensibilização propriamente dita".


6. Indução e Redução dos Sintomas



Esta técnica é muito utilizada em casos de ansiedade e constitui-se na apresentação de exercícios terapêuticos nos quais os clientes são instruídos a realizar uma seqüência de respirações curtas, inspirando e expirando por aproximadamente três minutos de maneira a reproduzir os sintomas vivenciados pelo cliente em seus episódios de ansiedade. À medida que os sintomas vão se configurando, o terapeuta pode obter um relato direto dos processos de pensamento do cliente e ajudá-lo imediatamente a controlar o ataque por meio da respiração progressiva e da reestruturação do pensamento. O objetivo aqui é reproduzir o tipo de situação que pode precipitar um ataque e depois mostrar aos clientes que eles podem tanto "ligar" como "desligar" os ataques. Uma vez que os sintomas foram induzidos, o terapeuta registra a seqüência dos acontecimentos, prestando uma atenção particular nos sintomas específicos experimentados, nos pensamentos automáticos que ocorreram e na reação emocional experimentada como resultado. O terapeuta pode então começar a intervir com as técnicas de diminuição dos sintomas, trabalhando em colaboração com o cliente na observação dos sintomas iniciais.

7. Intenção Paradoxal



A intenção paradoxal é muito parecida com a indução do sintoma, pois envolve uma prescrição comportamental para os clientes apresentarem respostas que pareçam incompatíveis com o objetivo para o qual estão buscando ajuda. Entretanto, a diferença específica é que na intenção paradoxal os pacientes são solicitados a exagerar suas previsões, em vez de induzir comportamentalmente os sintomas por meio de hiperventilação deliberada. Por exemplo, os indivíduos que experimentam ataques de pânico e medo relacionados a morrer de repente ou se tornarem "dominados" seriam instruídos a "ir em frente e se deixar morrer" ou fazer qualquer coisa que tivessem medo de fazer. Depois de várias tentativas, freqüentemente descobrem que são incapazes de obter a resposta temida e então sua ansiedade diminui. Neste ponto, muitos pacientes são capazes de perceber o aspecto ridículo ou irracional de suas apreensões, o que é fortemente encorajado pelo terapeuta. São instruídos a repetir o mesmo procedimento em determinadas ocasiões, em níveis graduados de situações de pânico, até que experimentem poucos ou nenhum sintoma.

8. Criação de imagens



Os métodos de criação de imagens são igualmente eficazes para aprender a relaxar, sendo, portanto, muito utilizados para controlar a ansiedade. A imaginação envolve a visualização ativa de cenas tranqüilas e relaxantes. As cenas podem ser lugares reais que a pessoa conhece onde se sente segura e relaxada, ou podem ser cenas criadas para serem tranqüilas, seguras e relaxantes. Quanto mais sentidos a pessoa for capaz de incorporar à sua imagem, mais relaxante esta terá chance de ser. Conseguindo-se imaginar cheiros, sons e sensações táteis, bem como aspectos visuais da cena, maior será a capacidade de relaxamento.

9. A Distração



Também muito utilizada em casos de ansiedade, a distração consiste em ficar absorto em outras atividades ou pensamentos, descentrando a atenção dada aos estímulos evocadores de ansiedade, diminuindo ou eliminando, dessa forma, os sintomas.  Outra variação da técnica consiste em prestar atenção a um objeto, buscando descrevê-lo mentalmente com o maior número de detalhes possíveis.

10. Simulação



O cliente é instruído a imaginar uma situação causadora de ansiedade e a se imaginar enfrentando-a com sucesso, utilizando as estratégias de enfrentamento que aprendeu para lidar com sua ansiedade.

11. O Contrato Comportamental



O contrato comportamental se refere a uma técnica de terapia comportamental na qual se discute um acordo e se faz um contrato que especifique os comportamentos, recompensas e punições necessárias que serão aplicadas a uma determinada situação. O contrato pode ser verbal ou escrito, embora muitos terapeutas prefiram esta última forma, devido a que acrescenta clareza e proporciona aos indivíduos envolvidos um registro que guie seu comportamento e resolva os desacordos que possam surgir.

12. Reforçamento



Central para todos os métodos operantes, o reforçamento é o principal procedimento para aumentar o comportamento. É importante selecionar cuidadosamente tanto o reforçador como o comportamento que se vai reforçar, considerando que o que constitui um reforçador para um indivíduo não o será necessariamente para outro.

13. Extinção



A extinção é, provavelmente, o método operante mais utilizado para diminuir o comportamento. Implica, em primeiro lugar, em determinar o que está reforçando o comportamento-objetivo e, em seguida, em eliminar esse reforçamento.

14. Manejo de Recompensa



É recomendado para quadros fóbico-ansiosos. Cada aproximação do objeto e/ou situação temida deve ser seguida de alguma espécie de recompensa, associando-se, dessa forma, uma experiência agradável à vivência de medo. Além disso, a desconfirmação da conseqüência negativa esperada facilita um maior engajamento do paciente e leva a um aumento na freqüência das aproximações do estímulo temido. Da mesma maneira, muitos comportamentos de medo, indiretamente reforçados pelas demais pessoas, podem ser eliminados quando essas pessoas são instruídas a não mais recompensá-los.

15. Modelação



É uma estratégia que permite ao paciente aprender um novo comportamento através da observação e imitação de um modelo, no caso, o terapeuta. Inicialmente, o paciente apenas observa a reação do terapeuta diante do estímulo temido e depois "copia" o comportamento demonstrado. A aprendizagem de que é possível ter reações controladas em face de situações temidas reduz o medo e facilita a aquisição de habilidades mais apropriadas. O terapeuta deve planejar demonstrações de acordo com as finalidades específicas do paciente.

15.1 Treinamento da Positividade



Um grande componente do treinamento da positividade envolve tanto os processos cognitivos quanto a prática comportamental. Esta última consiste, em sua essência, no terapeuta ensinar ou exemplificar para o paciente os comportamentos desejados nas várias situações sociais. Isto é utilizado freqüentemente sobretudo para distúrbios de ansiedade.

16. Ensaio Comportamental



Esta técnica é a contraparte comportamental do ensaio cognitivo. A diferença é que os próprios comportamentos reais são os temas ensaiados (por exemplo, auto-afirmação em público ou levantar da cama e ir para o trabalho). O terapeuta fornece subsídios ao paciente para que este possa seguir uma direção e desenvolver respostas e estilos eficazes. Também envolve o reforço das habilidades existentes.

16.1 "Role playing"



O terapeuta modela o comportamento ou a comunicação desejados; depois, os papéis são trocados. O cliente exerce o papel representando uma reação desejada ao problema. O treinamento da atitude assertiva pode ser um aspecto importante desta habilidade, pois freqüentemente estão envolvidas situações interpessoais. Por exemplo, o cliente pode precisar comunicar seu desconforto a uma pessoa que lhe é íntima. Na comunicação assertiva, o treinamento e o role playing podem ajudar a contra-condicionar a ansiedade potencial nessas situações.

17. Treinamento em Habilidades Sociais (THS)



O treinamento em habilidades sociais (THS) é utilizado em quadros de fobia social, baseando-se no princípio de que este transtorno se forma como conseqüência de déficits em habilidades e que o desenvolvimento de tais habilidades permite o entrosamento do indivíduo em situações interpessoais, reduzido a sua ansiedade de forma significativa. O paciente pratica o ensaio comportamental durante as sessões terapêuticas e tenta aplicar o que aprendeu na vida diária, a fim de aprimorar as habilidades sociais e elevar a auto-estima. O THS envolve desenvolver habilidades interpessoais (iniciar e manter conversação, defender os próprios direitos, expressar sentimentos, criticar e receber crítica, pedir, negar, etc.), bem como performance de falar em público (construção da fala, pronúncia, concentração no conteúdo da fala, etc.).

18. Biblioterapia



A prescrição das atribuições de leitura tem sido sempre uma característica forte da terapia cognitiva. As leituras freqüentemente indicadas aos pacientes são livros ou artigos destinados ao público em geral. Estas leituras são designadas como um auxílio à terapia e servem fundamentalmente como um instrumento didático e de apoio ao processo terapêutico.

19. Exercícios de Combate à Vergonha



Consiste em fazer com que os pacientes se envolvam em atividades que enfatizam sua preocupação pelo que os outros podem pensar deles. Um exemplo típico poderia ser fazer com que o paciente dissesse em voz alta o nome da parada de um ônibus, quando está em sua rota e transportando um grande número de passageiros. O objetivo é ajudar o paciente a perceber como as pessoas realmente reagem e que aquilo que eles pensam na verdade não importa.

20. Lição de Casa



Uma das características mais importantes da terapia cognitiva é o uso das atribuições de lição de casa. Como as sessões de terapia limitam-se apenas a uma ou duas horas por semana no consultório, é imperativo que as atividades de apoio ao tratamento tenham continuidade fora das sessões. São enfatizadas as atribuições de auto-ajuda, que servem como uma continuação daquilo que foi tratado na sessão anterior.

21. Programação de Atividades



É uma técnica muito utilizada com pacientes deprimidos. Consiste em planejar um programa de atividades para serem realizadas de vez em quando ou a cada hora. O propósito é a oposição às cognições comuns como "Já não faço mais nada". Seu objetivo é proporcionar ao paciente certa sensação de eficácia e de controle.

21.1 Avaliação da Destreza e do Prazer



Para cada atividade que se planeje, pede-se aos pacientes que avaliem em uma escala (p. ex., de 100 pontos) o grau que consideram ter dominado a tarefa e também o grau em que desfrutaram dela. Estas duas avaliações são independentes, visto que o paciente pode ter desfrutado ao fazer algo, apesar de não tê-lo feito tão bem como costumava fazer. O propósito desta tarefa é opor-se à cognição, "Nada mais me diverte", e reconhecer que o prazer e a destreza não são fenômenos dicotômicos. Além disso, aponta para certos vínculos entre situações e sentimentos que podem ter passado despercebidos durante a avaliação normal. Por exemplo, pode tornar-se claro que o que o paciente mais gosta é de ver os amigos íntimos e que esta atividade alivia seus sentimentos de depressão.

22. A Inversão do Hábito



Esta técnica costuma ser empregada no tratamento dos tiques e compõe-se de dois elementos. O primeiro implica no ensinar ao paciente a perceber cada ocorrência do hábito e emitir uma resposta fisicamente incompatível. O segundo implica na identificação de pessoas ou situações que possam desencadear o tique e fazer com que discuta e pratique a maneira pela qual realizará as respostas incompatíveis nessas situações. Esta técnica exige também que o paciente repasse com o terapeuta os inconvenientes causados pelo tique, que identifique os antecedentes associados com episódios nos quais haja uma alta ou baixa probabilidade de que o mesmo ocorra, que aumente a percepção do tique reproduzindo-o deliberadamente e contemplando-o num espelho, que aprenda a relaxar-se, a auto-registrar diariamente os comportamentos de tique, e que obtenha o apoio social dos membros da família para controlar este comportamento. Com esta técnica tem-se modificado, entre outros, tiques como chupar o dedo, piscar excessivamente, roer as unhas e a tricotilomania.

23. A Prática Massiva



A prática massiva é um procedimento paradoxal que tem sido aplicado principalmente com os tiques. O fundamento teórico do tratamento é que, com a prática voluntária do tique, muitas vezes em um período de tempo concentrado, se produzirá a fadiga (quer dizer, a inibição reativa). Quando essa fadiga alcança um ponto crítico, o paciente já não será capaz de executar o tique.

24. A Prevenção da Resposta



Esta técnica tem sido utilizada principalmente no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo. Nela expõe-se o paciente ante aos estímulos que causam o pensamento obsessivo, a ansiedade e o comportamento compulsivo. Então, evita-se que o paciente se entregue ao comportamento ritualizado, o que inicialmente provoca um aumento da ansiedade e do pensamento obsessivo. Depois de uma série de sessões, a ansiedade e as obsessões costumam reduzir-se gradualmente.



Solução de Problemas

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