Páginas

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Poder do Perdão

Tenho escrito alguns artigos sobre sentimentos. Isso se deve a minha atual situação... estou vivendo um misto de sentimentos e gostaria muito de compartilha-los com vocês. Em dois posts meus, recebi uma enxurrada de emails com elogios e lamentações. Eu não sou PSICOLOGA.... mas posso garantir que sou HUMANA.... Talvez seja isso que me aproxime tanto do meu leitor.... bom... explicações à parte.... hoje preparei algo que vai mexer com o emocional de qualquer um.... Vou falar sobre o perdão. Descobri um dado muito interessante sobre o perdão e que muitas pessoas a partir deste post vai começar a pensar sobre o assunto. Percebi que só é capaz de perdoar aquele que um dia já precisou ser perdoado. É profundo e verdadeiro. E sabe como a gente descobre isso??? Errando e perdoando. Pasmem. Mas é a real!!!!! Bom... preparei uma super teoria sobre perdão e eu espero que depois de ler sobre os posts polêmicos sobre traição e mentira, você se sinta capaz de perdoar e de pedir perdão. Detalhe: sentido lato da palavra, tá!


O que é Perdão?



O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. É o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras.



Ao pedir perdão, assumimos a responsabilidade por nosso comportamento e procuramos maneiras de reparar o prejuízo daquele a quem ofendemos. Um pedido de desculpas sincero abre espaço para o perdão e a reconciliação. A partir daí é possível dar continuidade à consolidação do relacionamento. Sem o pedido de perdão, a ofensa permanece como uma espécie de barreira e a qualidade do relacionamento fica comprometida. Os bons relacionamentos são sempre marcados pela disposição de pedir e conceder perdão, bem como pelo interesse na reconciliação. Muitos relacionamentos são frios e distantes porque as pessoas nem sempre demonstram tal disposição. Além disso, o pedido de desculpas sincero alivia a consciência culpada. Tente imaginar sua consciência como um galão de vinte litros amarrado às costas. Toda vez que você fizer alguma coisa contra alguém, cinco litros de água são colocados nesse galão. Depois de cometer três ou quatro erros, a consciência ficará pesada demais, causando uma sensação de culpa e vergonha. A única maneira de esvaziar esse galão é pedir perdão a Deus e à pessoa que você ofendeu. Quando isso acontece, você consegue levantar o olhar ao Senhor, encarar a própria imagem no espelho e ver a pessoa ofendida face a face — não por ser perfeito, mas porque foi capaz de assumir a responsabilidade por seu erro. Podemos ou não aprender a arte de pedir perdão durante a infância. Em famílias saudáveis, os pais ensinam os filhos a fazer isso. No entanto, muitas crianças são criadas em famílias nas quais, em vez de equilíbrio emocional, imperam a mágoa, a ira e a amargura, e ninguém nunca pede perdão


Para entender o perdão e sua magnitude é necessário entendermos quais os sentimentos bons e ruins que norteiam esse gesto. Somos sempre impulsionados por sentimentos de justiça e punição, porque achamos que somos capazes de perdoar apenas depois de ver quem nos magoou humilhado e punido. Porém, há uma grande ambiguidade quando falamos de justiça e perdão. Se você realmente perdoou você não necessita mais da justiça, uma vez que perdoar é o ato de anular ou esquecer aquela ofensa ou magoa. Uma mulher traída, por exemplo, pode perdoar o marido e viver sem ressentimento ou mágoa e seguir em frente, sem ficar relembrando o passado, desde que ele esteja completamente arrependido e disposto a reconciliação. Por outro lado, se ele manter uma postura orgulhosa, arrogante e hostil, essa mulher vai desejar que se faça justiça à essa magoa proporcionada. 



Vamos entender como os sentimentos fluem... 


IRA




Quando sofremos uma ofensa o primeiro sentimento a fluir é a IRA. A ira é um sentimento de repulsa e agressividade. Certamente, a ira é uma das portas de entrada para outros inimigos de nossa alma. Atrás dela iremos encontrar raiva, ódio, rancor e mágoa. Pessoas irritadas tornam-se escravas de sentimentos de vingança e arroubos de cólera, misturadas a um desejo incontrolável de agressão. Estas reações arrebatadoras são consequências de um histórico de traumas, decepções e até mesmo de expectativas frustradas. É fácil encontrar hoje em dia vidas arruinadas pelo descontrole emocional. Casamentos, famílias, pais, filhos e todo tipo de relacionamento pode se acabar por não haver resistência ao domínio desse tipo de emoção destrutiva. No auge da ira as pessoas podem cometer muitos erros, fazer uso errado das palavras e não medir a magnitude dos seus atos. Muitas situações podem nos induzir a ira, mas devemos sempre buscar o domínio do espírito, almejando a calma e a disciplina, fortalecendo sentimentos bons nos momentos mais críticos de nossas vidas. Evite a ira e rejeite a fúria. A ira constitui-se num mecanismo de defesa quando nos sentimentos vulneráveis. Para evitarmos a ira, a raiva, a cólera, a agressividade devemos exercitar a paciência. O homem paciente dá prova de grande entendimento, promove para si longanimidade e exclui da sua vida a insensatez.

A ira é capaz de trazer perturbação e fazer brotar no coração profundas raízes de amargura e ressentimento, podendo dar a luz a uma terrível contaminação em nosso interior, bem como contaminar outros ao nosso redor e nos levar a morte espiritual. Quanto mais tempo passamos aninhando este tipo de sentimento em nosso íntimo, mais difícil será o surgimento da cura. Isto também é uma questão de decisão. É preciso dizer não ao surgimento dessas raízes perniciosas profundas de nossa alma. Não é bom permitir que a energia da raiva permaneça por muito tempo sem canalizá-la para o seu propósito. A raiva prolongada vira ressentimento, e ressentimento prolongado transforma-se em ódio. O ódio é uma hostilidade enrijecida muito difícil de mudar. 


TRISTEZA



Tristeza ou desgosto é um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou algo. É comum a tristeza ser descrita como algo amargo, ou como uma dor, ou como sentimento de incapacidade, ou ainda como algo escuro (trevas). A tristeza pode ser a consequência de emoções como o egoísmo, a insegurança, a baixa autoestima, a inveja, a imaturidade, o medo e a desilusão. São emoções que, quando não são tratadas logo, podem terminar gerando tristeza, ou em casos extremos a depressão nervosa; dependendo do estilo de cada pessoa, a pessoa pode desenvolver um instinto negativo (vingança, raiva). Quando a depressão aparece, geralmente inicia-se um ciclo de negatividade e pessimismo. As coisas começam a parecer mais graves do que realmente são, perdendo o discernimento entre o real e o imaginário. Nossos pensamentos exercem uma tremenda influência em nossa conduta. 

Quando aprendemos esse precioso segredo passamos a cuidar mais acentuadamente do que entra e sai de nossa mente. O coração bem disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido resseca os ossos. 


ARREPENDIMENTO



O arrependimento é reconhecimento do erro, movido por um sentimento de coragem que impulsiona à mudança de se confessar, restituir e concertar, não agindo daquela mesma forma novamente. O arrependimento é uma tristeza profunda que a pessoa sente por saber que prejudicou outra pessoa. 

O REMORSO é a tristeza em saber que prejudicou a si mesmo causando malefícios a outros. O remorso não vem acompanhado de mudanças de atitudes. Uma pessoa que sente remorso apenas sente tristeza por ter agido de uma forma que trará consequências punitivas para si mesmo. Neste caso, o sentimento alheio não faz diferença. A pessoa preocupa-se mais com a sua punição do que com a mágoa que causou. 

Manifestação do arrependimento

A primeira linguagem do perdão é a manifestação de arrependimento. A maneira mais comum de expressá-la é com as palavras "sinto muito". Manifestar o arrependimento é o aspecto emocional do pedido de perdão. É uma forma de alguém mostrar à pessoa ofendida que tem consciência da culpa, da vergonha e da dor causadas pelo comportamento inadequado. O pedido de perdão é gerado no ventre do arrependimento. Nós nos arrependemos da dor, da decepção, do inconveniente e da desconfiança que causamos. O arrependimento se concentra naquilo que se fez de errado e no prejuízo que esse ato provocou em relação às pessoas

A parte ofendida é tomada pelo sentimento de mágoa. Para ela, é importante que o responsável por sua dor também a sinta. Ela precisa de provas de que aquele que a ofendeu tem noção da mágoa que causou. Para algumas pessoas, basta ouvir isso daquele que está pedindo desculpas. Sem a expressão do arrependimento, elas não consideram o pedido de perdão apropriado ou sincero.



Quando meu marido grita comigo e diz: "Eu já falei que sinto muito",


mas seu olhar é duro e suas mãos tremem, é como se estivesse


tentando me induzir a perdoá-lo. Para mim, parece que ele está mais


preocupado em seguir adiante e esquecer o problema do que pedir


desculpas de verdade. É como se o fato de eu estar magoada não


fizesse nenhuma diferença. "Vamos tocar a vida".



Depoimento de uma esposa à entrevista para casais (psicologia)



Um pedido de desculpas possui mais poder de impacto quando é bem específico. Quando somos bem específicos, demonstramos à pessoa ofendida que temos a noção de quanto nossa atitude a magoou. Ao agir assim, concentramos a questão no erro cometido e no prejuízo que ele causou. Quanto mais detalhes consideramos, melhor para nós. 

"Espero que a pessoa que me pede desculpas diga exatamente o motivo pelo qual está tomando aquela atitude. Se eu desse um bolo em alguém com quem tivesse marcado um cinema, não me limitaria a dizer: "Sinto muito por não ter aparecido". Seria melhor para a outra pessoa se eu mencionasse todos os problemas que aquela minha atitude provocou". (Jennifer)


O que poderia ser dito como um pedido de perdão, nesse caso:


" Olhe, sei que você saiu de casa na hora certa, parou o que estava fazendo para me encontrar. Enfrentou o pior trânsito possível para estar aqui a tempo e teve de esperar muito, preocupado em saber se estava tudo bem comigo. Sei que não gostou de perder o filme, e isso significa que minha negligência estragou o programa que você estava planejando. Posso imaginar sua decepção. Também sentiria o mesmo se isso tivesse acontecido comigo. Você tem direito de estar zangado, decepcionado, frustrado e magoado. Quero que saiba que sinto muito por ter sido tão irresponsável, e digo isso com toda a sinceridade".





Os detalhes revelam quanto compreendemos a gravidade de um erro e o inconveniente que pode ter causado à pessoa ofendida. Toda vez que jogamos a culpa na outra pessoa, deixamos de pedir perdão e partimos para o ataque. Esse tipo de atitude nunca produz perdão e reconciliação. Sempre que um pedido de perdão é seguido de alguma justificativa pelo erro cometido, a desculpa anula a intenção original. Apenas admita que você me magoou ou decepcionou, sem querer ou de propósito, Não peça perdão e depois tente justificar o erro. Basta pedir desculpas. Uma manifestação sincera de arrependimento não deve manipular o sentimento da pessoa ofendida nem constrangê-la a reagir de maneira similar. O arrependimento deve se concentrar na solução do problema causado pelo comportamento inadequado e na manifestação de solidariedade à pessoa que ficou magoada. A falta de sinceridade também pode ser sinalizada quando dizemos "sinto muito" só para que a outra pessoa pare de falar no assunto que incomoda.


Logo no início do casamento, meu marido fez uma coisa que prejudicou muito nosso relacionamento e se recusou terminantemente a pedir desculpas ou a se arrepender. Quando, por fim, ele disse que sentia muito, sua intenção era apenas encerrar a discussão. A atitude dele falou mais alto que as palavras, indicando que, na prática, ele queria dizer: "Pare de encher a paciência com isso! Estou me sentindo acuado". Ele não percebeu que havia feito  uma coisa muito ruim que me magoou demais.



Colocar o pedido de desculpas no papel é uma maneira de ajudar a reforçar a sinceridade. Escrever uma carta pode potencializar emocionalmente o processo do perdão, pois o cônjuge ou amigo ofendido pode ler o texto várias vezes. Além disso, quando alguém escreve, consegue deixar mais claro seu arrependimento e evidenciá-lo de maneira mais positiva. Para algumas pessoas, ver uma manifestação genuína de arrependimento funciona como a mais poderosa linguagem do perdão. É o que as convence de que o pedido é sincero. Sem isso, são capazes de ouvir tudo, mas não assimilar nada. A principal linguagem do perdão é o arrependimento genuíno. Ao ouvi-lo, essas pessoas se dispõem a perdoar. Isso significa deixar claro à pessoa ofendida que você está sinceramente chateado porque sabe que suas atitudes a magoaram. Essa identificação com a dor do outro cria um ambiente mais favorável ao perdão. Se você está disposto a demonstrar arrependimento, aqui estão algumas maneiras de expressá-lo:


Declarações de arrependimento

• Sei agora quanto magoei você. Isso me faz sofrer demais. Sinto muito pelo que fiz, com toda a sinceridade.


• Estou me sentindo muito mal por ter decepcionado você. Deveria ter pensado duas vezes antes de agir. Sinto muito pela dor que lhe causei.


• Na hora, é claro que não pensei nas conseqüências do que estava fazendo. Nunca tive a intenção de magoar você, mas agora percebo que minhas palavras foram duras demais. Sinto muito por ter sido tão insensível.


• Sinto muito por ter traído sua confiança. Criei uma barreira em nosso relacionamento, e agora preciso removê-la. Entendo que, mesmo que lhe peça perdão, levará um tempo para que você volte a ter a mesma confiança que tinha em mim.


• Oferecemos um serviço, mas não fomos capazes de entregar o que prometemos. Sinto muito. Nossa empresa está em falta com você.



A responsabilidade 




Por que é tão difícil para algumas pessoas dizer: "Errei"? Com freqüência, nossa relutância em admitir um erro está vinculada ao valor que nos atribuímos. Reconhecer o erro pode dar a impressão de fraqueza. Por isso pensamos assim: "Só os tolos admitem erros. Gente inteligente tenta mostrar que agiu de determinada maneira porque tinha bons motivos". Em seu subconsciente, ela faz uma ligação emocional entre o com-portamento errado e a auto-estima. Assim, admitir um erro é ser "mau". 

"Não foi culpa minha". Essa mania de se justificar assume a forma de transferência de culpabilidade. A pessoa pode até admitir que falou ou fez alguma coisa ruim, mas sustentará que seu comportamento inadequado foi provocado pelas atitudes irresponsáveis dos outros. Nesse caso, transfere-se a culpa. Afinal, é difícil admitir o erro. Essa transferência de culpabilidade também é sinal de imaturidade. Por sua natureza, as crianças culpam os outros quando fazem alguma coisa errada.


Meu marido nunca admite quando faz alguma coisa errada. Ele só joga o problema para debaixo do tapete e não quer mais saber de tocar no assunto. Se volto a falar do que aconteceu, ele diz: "Nem


lembro mais o que fiz. Por que você não consegue esquecer?". Se ele reconhecesse os erros, eu me disporia a perdoá-lo. Mas, quando age como se não tivesse feito nada, é muito difícil deixar passar.


Com lágrimas nos olhos, ela completou: "Queria tanto que ele dissesse 

'errei' pelo menos uma vez na vida. Todo mundo comete erros, 

mas aqueles que não reconhecemos são justamente os que nos destroem".



Declarações de responsabilidade

• Sei que fiz uma coisa errada. Até poderia tentar me justificar, mas não tem desculpa. Em linguagem simples e clara: fui egoísta e errei.


• Cometi um grande erro. Na hora, não pensei muito bem no que estava fazendo. Mas quando olho para trás, percebo que esse foi o maior problema. Gostaria de ter pensado antes de agir. O que fiz foi errado.


• Errei quando falei com você daquele jeito. Fui rude e injusto. Falei com raiva, tentando me justificar. A maneira como me dirigi a você foi grosseira e cruel. Espero que seja capaz de me perdoar.


• Voltei a cometer um erro sobre o qual já havíamos discutido antes. Compliquei tudo. Sei que a culpa foi minha


Como compensar o prejuízo causado

A disposição de fazer alguma coisa para compensar a dor que causamos é uma evidência de que estamos arrependidos. Uma voz dentro de nós insiste: 'Preciso fazer algo para me redimir pelo que causei'.

Equilíbrio é a compensação da perda imposta à outra pessoa. Oferecer restituição é uma forma de equilibrar a balança da justiça. Qualquer sofrimento ou ofensa impõe algum tipo de perda à vítima. Ela pode sofrer um prejuízo na auto-estima, no respeito próprio ou mesmo em relação a algum beneficio tangível (como,por exemplo, a pessoa ser ofendida na frente do chefe e, com isso, perder uma oportunidade de ganhar uma promoção). Assim, é positiva a atitude do transgressor que toma a iniciativa de compensar a perda que causou.



Quando somos profundamente magoados, precisamos ter certeza absoluta de que aquela pessoa que causou o sofrimento ainda nos ama. Afinal de contas, relacionamentos familiares bem-sucedidos e amizades sinceras são, em última análise, baseados em amor. É verdade que, ao nos sentirmos magoados com as palavras ou o comportamento de um membro da família, costumamos ficar com muita raiva. O motivo de essa mágoa ser tão profunda e essa raiva, tão intensa é que desejamos desesperadamente ser amados por aquela pessoa. As palavras ríspidas ou as atitudes rudes colocam em questão o amor que ela sente por nós. "Como é que consegue dizer que me ama fazendo uma coisa dessas?" — é a pergunta que fica na mente da pessoa prejudicada. As palavras "sinto muito, errei" podem não ser suficientes. Queremos saber qual é a resposta à questão: "Você ainda me ama?". É essa resposta que torna a restituição um imperativo.


Para alguns, a compensação do prejuízo é a principal linguagem do perdão. São pessoas para quem a declaração: "Não acho certo tratar você como tratei" deve ser acompanhada da proposta: "O que posso fazer para demonstrar que continuo a me importar com seu bem-estar?". Sem esse esforço de compensação, a pessoa prejudicada questionará a sinceridade do pedido de desculpas. Ela continuará a ter dúvidas sobre o amor daquele que a ofendeu, por mais que ele diga: "Sinto muito, errei com você". A parte ofendida espera por algum tipo de garantia de que continua a ser amada de verdade.

Todas essas pessoas acreditam que o esforço de compensar um erro é a maior prova da sinceridade de um pedido de desculpas. Elas têm em comum a mesma linguagem principal do perdão: a compensação do prejuízo. Alguns homens acham que a melhor forma de demonstrar o desejo de compensar o erro é oferecer flores à esposa. "É só chegar com um buquê bem bonito e tudo volta ao normal", pensam. No entanto, oferecer flores não é a principal linguagem do amor de todas as mulheres. É por isso que algumas delas rejeitam o buquê e dão as costas ao marido, dizendo: "Ele acha que isso resolve o problema".


Meu marido esqueceu nosso aniversário de casamento. 


Com um olhar perdido, disse-lhe que comemoraríamos no


ano que vem. Ele, ao invés de pedir perdão por ter 


esquecido uma data tão importante para nós, armou uma


encenação afirmando ter lembrado da data, 


tentando me convencer de que fui injusta com ele, 


me recusando a sair para comemorar. 


O uso de palavras de afirmação pode se concentrar na personalidade da pessoa, em seu comportamento, seu jeito de vestir, suas conquistas pessoais ou em sua beleza. O mais importante é que as palavras transmitam o afeto e a gratidão que você sente por ela. Demonstrar que sente orgulho pela pessoa também é um dos pontos chaves. Orgulho por ser linda, inteligente, ágil. Elogiar suas qualidades. Dizer com sinceridade tudo que o deixa feliz e satisfeito também torna o pedido de perdão mais sincero.



Sei que o pedido de desculpas dele é sincero toda vez que se


arrepende e volta atrás nas palavras duras que usou e quando diz


quanto me ama. Às vezes ele até passa da conta de tanto dizer que


sou maravilhosa e que sente demais por ter me magoado. 


Acho que Brad sabe que precisa usar muitas palavras positivas 


para compensar as coisas rudes que me disse.


Também podemos utilizar ações como reparação do erro. Há pessoas que precisam muito mais do que uma simples frase ou um simples pedido de perdão. Ajudar nos afazeres de casa, com as crianças, dividir tarefas, preparar um jantar romântico, surpreender com um café da manhã na cama, enfim, todas essas ações podem representar um pedido legítimo de perdão sincero. 

Dar e receber presentes é uma expressão de afeto universal. Presentes não precisam ser caros. Você já deve ter se cansado de ouvir dizer que "o que vale é a intenção", não é? Ainda assim, o que chega às mãos da pessoa presenteada não é a intenção de seu coração, e sim o presente propriamente dito, resultado dessa intenção. Uma flor colhida no jardim e ofertada com um olhar sincero, em um momento em que nada e nem ninguém possa interromper o pedido de desculpas podem ser a chave para a reconciliação. Não dá para pedir perdão com o telefone tocando ou fazendo alguma tarefa. 





Dar atenção total a alguém é o mesmo que dizer: "Você é muito importante para mim". Tempo de qualidade significa não dar espaço a distrações. A televisão fica desligada; a revista fica sobre a mesa, fechada, junto com o livro. Nesse momento, não é hora de se preocupar com o pagamento das contas nem de ficar com a cara grudada na tela do computador. O objetivo é dedicar atenção total à pessoa que se ama. Se dedico vinte minutos com qualidade à minha esposa, significa que entreguei-lhe vinte minutos de minha vida, e ela fez o mesmo por mim. Trata-se de uma maneira poderosa de transmitir amor. Não é preciso segurar as mãos da outra pessoa, mas é fundamental dedicar atenção total a ela na hora de pedir desculpas. Se a parte ofendida se sente amada quando recebe esse cuidado exclusivo, então só a dedicação de tempo de qualidade a convencerá de que o pedido de perdão é sincero. Concentrar toda a atenção na pessoa na hora de se desculpar é um tipo de reparação suficiente e profunda, pois transmite a ela esta mensagem: "Eu amo você".

A reparação eficaz de um erro cometido funciona quando você aprende a maneira que o seu parceira(o) recebe positivamente o pedido de perdão. Se ela prefere presentes, nada será mais sincero do que presenteá-la. Se ela prefere tempo de qualidade (atenção total), nada mais sincero do que pedir perdão sem interrupções, mostrando-se disposto a falar e também a ouvir o que a mágoa causou. 



Declarações de compensação


• Há alguma coisa que eu possa fazer para compensar o erro que cometi?


• Sei da mágoa profunda que lhe causei, e sinto que devo fazer alguma coisa para reparar esse erro. Que sugestão você me dá?


• Não acho que dizer 'sinto muito' seja suficiente. Quero oferecer alguma compensação pelo que fiz. O que você considera apropriado?


• Sei que lhe causei um grande inconveniente. Será que posso oferecer parte do meu tempo para ajudar a resolver esse problema?


• Eu me arrependo por ter maculado sua reputação. Uma retratação (pública) seria a solução?


• Já quebrei um milhão de vezes essa promessa. Você gostaria que, desta vez, eu colocasse no papel a garantia de meu compromisso?



"O que você espera de um pedido de perdão?".


• Uma demonstração de que a pessoa está disposta a mudar e agir de maneira diferente da próxima vez.

• Espero que ela descubra como fazer para não permitir que o erro volte a acontecer.

• Minha expectativa é que haja uma mudança de comportamento para que a ofensa não se repita.

• Quero que ela mostre que está se esforçando para melhorar, que apresente um bom plano de ação.

• Um pedido de desculpas sincero deve incluir a disposição de não repetir o erro cometido.

• Espero que ele não faça nenhum escândalo alguns minutos depois, e que não volte a incorrer no mesmo erro.



Há quem resista à idéia de expressar verbalmente a intenção de mudar por medo de fracassar nessa tentativa. "Isso não tornaria as coisas muito piores?". De fato, mudanças de comportamento levam tempo, e é possível que, no meio do processo, haja alguma recaída. Mas essas falhas não podem servir de empecilho para que alcancemos o objetivo final, que é promover mudanças positivas e genuínas. A questão mais importante é: o que acontece quando a pessoa não consegue verbalizar a intenção de mudar? Talvez a sua filosofia de vida seja: "Só preciso me preocupar em mudar o que for necessário; não preciso falar nada". O problema com essa forma de abordar a questão é que a parte ofendida não tem como ler seus pensamentos, por isso não faz a menor idéia de que, em seu coração, você tomou a decisão de promover mudanças pessoais.


Pode ser que leve semanas ou meses até que comecem a reparar naquilo que mudou em sua vida; ainda assim, não terão como saber o que motivou você a fazer isso. Na hora de pedir perdão, é muito melhor deixar bem claro sua intenção de mudar. Dessa forma, a pessoa ofendida saberá que você reconhece o erro que cometeu e pretende agir de maneira diferente daquele momento em diante. Não há problema nenhum em dizer a essa pessoa que ela deve ter um pouco de paciência porque você sabe que não é capaz de mudar totalmente de uma só vez, apesar de sua intenção sincera de não repetir o comportamento que motivou a mágoa. Com isso, ela perceberá seu desejo e acreditará na honestidade de seu pedido de desculpas, e assim será capaz de perdoar você antes mesmo que todas as mudanças aconteçam.


O desejo de mudar as atitudes deve ser sempre baseadas no prejuízo causado a outra pessoa e não apenas no prejuízo causado a si mesmo. Mudar porque você lamenta em ter magoado a pessoa amada é bem diferente de mudar para que não seja mais atormentado pelas chatices da sua parceira.




Declarações de arrependimento genuíno

• Sei que meu comportamento tem-lhe causado muito sofrimento. Não quero voltar a agir dessa maneira. Meu coração está aberto para todo tipo de sugestão que você puder oferecer para que eu seja capaz de mudar.

• Como posso dizer as coisas que digo de uma forma diferente para que não lhe pareçam críticas?

• Sei que meu jeito de agir não ajuda nada. Que tipo de mudanças você gostaria de ver em mim e que tomariam as coisas melhores para nosso relacionamento?

• Eu quero mudar de verdade. Sei que não vou chegar à perfeição, mas quero muito tentar mudar esse meu comportamento. Você estaria disposto a me ajudar, alertando-me quando eu tiver uma recaída! É só dizer: "Errou". Acho que isso me ajudará a parar e tomar outro rumo.

• Eu a entristeci, pois voltei a cometer o mesmo erro. O que preciso fazer para recuperar sua confiança?

• Esse comportamento é algo que está em mim há muito tempo. Vou tentar mudar, mas sei que será muito difícil. É possível que eu fracasse de vez em quando, e isso pode lhe causar algum sofrimento. Eu ficaria muito grata se você me ajudasse a pensar em como garantir que as mudanças sejam permanentes e me incentivasse ao me ver fazendo coisas que ajudem nesse processo. Posso contar com você para ser meu companheiro nessa jornada?


Por que pedir perdão?

Por que é tão importante pedir perdão a alguém? 


Em primeiro lugar, pedir perdão indica à outra pessoa que você deseja restaurar completamente o relacionamento. Segunda razão por que pedir perdão é tão importante é que essa iniciativa mostra que você compreende que fez uma coisa errada — algo que ofendeu outra pessoa, mesmo que não tenha havido intencionalidade. Pode ser que aquilo que você disse ou fez não seja moralmente errado. É possível até que tenha agido daquela maneira para brincar com a outra pessoa. Mas acontece que causou uma ofensa ou um prejuízo. Agora essa pessoa ofendida ou prejudicada tem algo contra você. Esse erro cometido criou um espaço entre os dois. Neste sentido, o que você fez foi errado, e pedir perdão é a atitude adequada, especialmente se essa for a principal linguagem do perdão da outra pessoa. Pedir desculpas é uma admissão de culpa. Demonstra que você sabe que merece algum tipo de punição.Ninguém gosta de ser rejeitado. Para algumas pessoas, porém, trata-se de um sentimento quase insuportável. Elas enfrentam muita dificuldade na hora de pedir desculpas porque sabem que a concessão do perdão depende de outra pessoa que tem a prerrogativa de não querer perdoá-las — o que, em última análise, é uma forma de rejeição. Admitir um erro é, para ela, o equivalente a dizer "sou um fracasso". O maior temor de alguém assim é fracassar. Assumir um erro no relacionamento é o mesmo que admitir um fracasso. Conseqüentemente, essa pessoa encontra dificuldade em admitir que está errada. Em geral, ela discutirá muito, tentando convencer a pessoa ofendida de que não fez nada errado, e usará argumentos como este: "Pode ser que você tenha se sentido chateado ou magoado, mas é porque interpretou mal a situação. A minha intenção não era essa". Às vezes, a maneira de se defender é mais agressiva do que a ofensa que deu início ao problema, mas quem tem medo do fracasso não vê a coisa dessa forma. Prefere dizer: "Só estou tentando fazer você entender a verdade". Esse tipo de pessoa quase nunca pede perdão. Não foi surpresa nenhuma descobrir, em nossa pesquisa sobre o perdão, reclamações do tipo: "Meu cônjuge quase nunca pede perdão".


Não exija perdão. Você não pode alimentar essa expectativa. Quando exigimos perdão, deixamos de compreender sua natureza. Perdão significa, em essência, optar por abrir mão do castigo e por trazer de volta ao convívio a pessoa que cometeu o erro. E desconsiderar a ofensa, de maneira que a confiança seja restabelecida. O perdão significa: "Eu prezo nosso relacionamento. Por causa disso, escolho aceitar seu pedido de perdão e abrir mão de meu direito de exigir justiça". É, fundamentalmente, um presente, e quando exigimos um presente ele deixa de sê-lo.


Ainda consigo ouvir aquilo, como se fosse um eco. 


Ouvi isso centenas de vezes durante nossos 25 anos de casamento. 


Ele insiste: "Eu disse que sinto muito. O que mais você quer?". 


Eu só queria que, pelo menos uma vez, ele olhasse em meus olhos e dissesse: 


"Por favor, me perdoe". Ele exige meu perdão, mas nunca pede perdão. 



Por favor, compreenda que, ao pedir para ser perdoado, seu pedido não é insignificante. Conceder perdão terá um custo alto para a pessoa ofendida ou prejudicada. Para perdoar você, ela terá de abrir mão de seu desejo de ver a consumação da justiça. Precisará abrir mão de seu sofrimento e sua raiva, bem como do constrangimento e da humilhação pelos quais precisou passar. Deverá superar os sentimentos de rejeição e traição. Em alguns casos, terá de conviver com as conseqüências do erro que você cometeu.

Se você é a pessoa que sofreu a ofensa, conceder perdão significa não desejar mais nenhum tipo de vingança, não exigir que seja feita justiça e reparação, não permitir que o erro cometido pelo outro continue sendo uma barreira entre os dois. Perdão gera reconciliação.


Declarações de perdão concedido

• Fiquei muito triste com o que você disse. Acho que dá para ter uma idéia de quanto isso me magoou. Fico feliz pelo fato de você me pedir desculpas, pois, do contrário, não acredito que eu seria capaz de perdoar. Mas, por considerar sincero seu pedido, quero que saiba que eu o perdoo.

• Que posso dizer? Seu pedido de desculpas me comoveu. Valorizo bastante nosso relacionamento. Por causa disso, fiz a opção de perdoar você.

• Eu não sabia se teria condições de dizer isso com sinceridade. O que você fez acabou comigo. Eu nunca seria capaz de imaginar que você pudesse fazer algo assim. E por causa de meu amor por você, escolho acreditar que seu pedido de desculpas é sincero. Por isso, estou lhe oferecendo meu perdão.

• O erro que você cometeu no trabalho me custou muito tempo e dinheiro. Mas estou disposto a lhe conceder meu perdão. Sim, creio que, se você tiver um plano de ação para corrigir o erro, posso perdoá-lo.

• Sei como é difícil para você engolir seu orgulho e dizer: "Sinto muito, eu errei". Mas seu conceito cresceu comigo, por isso vou perdoá-lo.




Referência: 

As cinco linguagens do Perdão. Gary Chapman, Jennifer M. Thomas. Editora Mundo Cristão. 2007
Como vencer a depressão e outros inimigos interiores - Cláudia Pereira. Editora A. D. Santos. 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário